segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Paulo Freire


   Planejando Sempre



Ando a planejar
porque tentei á beça
Busco mais juízo 
porque improvisei demais.
Hoje me sinto mais com sorte,
aprendiz que sabe.         
Só levo a certeza 
de que eu pouco planejei,
e eu já mudei.

Projetar os passos, 
o amanhã.
Construir a escola 
que é cidadã.
É preciso chão
pra poder sonhar.
É preciso mãos
pra poder unir.
É preciso lutar 
pra conseguir.

Penso que mudar a escola 
é semear sementes, 
encontrar pessoas 
convivendo sempre.

Como o mestre Paulo Freire,
educando a cidade, 
eu vou com autonomia.
E, com liberdade, eu vou, 
cidade eu sou.

Projetar os passos, 
o amanhã.
Construir a escola
 que é cidadã.
É preciso chão 
pra poder sonhar.
É preciso mãos
pra poder unir.
É preciso lutar
pra conseguir.


'Música original: Tocando em frente, de Almir Sater e Renato Teixeira- Ed. Arzé Caipirarte/Ed. Peer Music.
Fonte: Padilha, Paulo Roberto. educar em todos os Cantos: Reflexões e canções por uma educação internacional. São Paulo. Cortez, 2007.

Biografia:  Paulo Freire


Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco uma das regiões mais pobre do país onde logo cedo pode experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares.  Trabalhou inicialmente no SESI (serviços social da indústria ) e no serviços de extensão cultura da universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que se pode ser como educador, de professor de escola a criador de ideias e métodoSua filosofia educacional expressou-se, primeiramente, em 1958, na sua tese de concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.

Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP. Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil, na gestão deLuiza Erundina. Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores.
A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu, durante cinco anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do oprimido (19. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1991).

Em Paulo Freire, conviveram sempre presentes o senso de humor e a não menos constante indignação contra todo tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Após a morte de sua primeira esposa, casou- se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna.

Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Pedagogia da esperança (1992) e À sombra desta mangueira (1995).

Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior.

Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades. Por seus trabalhos na área educacional. Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio.

    



Paulo Freire, um pensador comprometido com a vida, não pensa idéias, e sim a existência. Em Pedagogia do Oprimido relata-nos sua experiência em cinco anos de exílio, mostrando o papel da conscientização, numa educação realmente libertadora, o "medo da liberdade".A luta pelo direito do ser humano, pelo trabalho livre, pela afirmação dos homens como pessoas, só é possível porque a desumanização não é um destino dado, mas resultado de uma "ordem" injusta que gera a violência dos opressores.Pode-se ver algumas contradições em relação aos oprimidos e opressores, onde a violência dos opressores torna-os desumanizados, levando os oprimidos, a qualquer momento lutar contra quem os fez menos. Esta luta só tem sentido quando o ser menos, ao buscar sua humanidade, não se sinta também um opressor, mas sim um reconquistador da humanidade em ambos (ser mais e ser menos); sendo aqui a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos, se libertar a si e aos opressores.A Pedagogia do Oprimido é uma pedagogia problematizadora, que se apresenta como pedagogia do homem; onde só ela que se pode fazer de generosidade verdadeira, humanista e não "humanitarista" que pode alcançar este objetivo. Ao contrário à Pedagogia que parte dos interesses individuais, egoístas dos opressores camuflados na falsa generosidade, que constrói a desumanização, a Pedagogia libertária.Esta pedagogia humanizadora só é possível através da união entre teoria e prática, onde a liderança revolucionária ao invés de sobrepor aos oprimidos e continuar mantendo-os como quase "coisas", com eles estabelecem uma relação dialógica. Ao alcançarem, na práxis este saber da realidade, se descobrem como seus refazedores permanentes.Portanto, a presença dos oprimidos na busca de sua libertação, mais que pseudoparticipação, é o que dever ser: engajamento.A educação bancária pode ser vista como uma educação em que o educador é o dono do saber, enquanto o educando é um mero ouvinte, que nada sabe. Enquanto numa educação libertadora ocorre o contrário, onde há interação entre ambos, onde educador e educando acaba aprendendo e ensinando simultaneamente.Em uma educação problematizadora, não se transfere, mas sim se compartilha experiências, constrói seres críticos conseguido através do diálogo com o educador, crítico também. O mundo agora é visto com uma nova margem, já não é algo que se fala com falsas palavras, mas o mediatizador dos sujeitos da educação, de que resulte a sua humanização.A teoria antidialógica é característica das elites dominadoras. Já a teoria da ação dialógica, ‘diálogo’, faz parte da classe revolucionário-libertadora, onde os sujeitos se encontram para a transformação do mundo.A divisão da massa popular é preciso, para a classe opressora, porque sem ela, esta corre o risco de despertar na classe oprimida o sentido de união, que é elemento indispensável à ação libertadora.Em se tratando da teoria da ação dialógica vemos que na antidialógica existe um sujeito que domina um objeto e na teoria dialógica existem sujeitos que se encontram para a pronúncia do mundo.Daí que, enquanto na ação antidialógica a elite dominadora falseia o mundo para melhor dominá-lo, na dialógica exige o desvelamento do mundo. O desvelamento do mundo e de si mesmas, na práxis verdadeira, possibilita às massas populares a sua adesão. Esta adesão coincide com a confiança que as massas populares começam a ter em si e na liderança revolucionária, pois começam a perceber a dedicação, a veracidade na defesa da libertação dos homens.Na teoria dialógica, contrária a antidialógica, a liderança se obriga ainda que insistentemente, em manter união dos oprimidos entre si para a libertação, sendo a práxis o ponto fundamental.Na teoria dialógica a liderança se obriga, como num esforço infatigável, manter a união dos
oprimidos entre si, e deles com ela, para a libertação. Esta união é importante para que as massas consigam libertar-se da opressão, mas esta, sem a práxis torna-se impossível.Ao contrário do que ocorre com a elite opressora, onde sua unidade interna que lhe reforça e organiza o poder, importa a divisão das massas, já para a liderança revolucionária, sua unidade somente existe na unidade das massas entre si e com ela.O ato de unir para a libertação é contrário à vontade da classe dominante, por isso torna-se tão difícil, para a liderança revolucionária mantê-la. O primeiro passo para a unificação é desmitificar a realidade, sendo também imprescindível uma forma de ação cultural através da qual conheçam o porquê e o como de sua "aderência" à realidade que lhes dá um conhecimento falso de si mesmos e dela; sendo necessário desideologizar, ou seja, conhecer a verdadeira face do mundo em que vive, exercendo assim, um ato de adesão à práxis verdadeira de transformação da realidade injusta.Na teoria dialógica a organização faz-se presente na tentativa da liderança manter um testemunho de que a busca da libertação é uma tarefa comum entre o povo. Este testemunho, por sua vez, humilde e corajoso do exercício de uma tarefa comum evita o risco dos dirigismos antidialógicos. O testemunho, aqui, é uma das conotações principais do caráter cultural e pedagógico da revolução.A ação cultural está a serviço da opressão, consciente ou inconscientemente por parte de seus agentes ou está a serviço da libertação dos homens. No objetivo dominador da ação cultural antidialógica não se encontra a possibilidade de superação de seu caráter de ação induzida, bem como no objetivo libertador da ação cultural dialógica, se acha a condição para superar a indução.Portanto, se descobrirem através de uma modalidade de ação cultural, problematizadora de si mesmos em seu confronto com o mundo, significa, primeiramente, que se descubra como tal, reconheçam sua identidade com toda significação profunda que tem esta descoberta.Uma das falhas, dentre outras que a liderança comete é de não levar em conta a visão do mundo que o povo tem. Já à a liderança revolucionária, o conhecimento desta lhe é indispensável para sua ação, como síntese cultural.O que pretende a ação cultural dialógica, não pode ser o desaparecimento da dialeticidade permanência-mudança, mas superar as contradições antagônicas de que resulte a libertação dos homens.Assim, como o opressor precisa de uma teoria da ação opressora, os oprimidos, para se libertarem, necessitam de uma teoria de sua ação. Somente na união dele com a liderança revolucionária, na práxis de ambos, é que esta teoria se faz e se re-faz.






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