terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Emilia Ferreiro



Emilia 
Ferreiro


Biografia

Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança) ela continuou, estudando um campo que o mestre não havia explorado: a escrita. A partir de 1974, Emilia desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979. Emilia é hoje professora titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade do México, onde mora. Além da atividade de professora – que exerce também viajando pelo mundo, incluindo frequentes visitas ao Brasil –, a psicolinguista está à frente do site www.chicosyescritores.org, em que estudantes escrevem em parceria com autores consagrados e publicam os próprios textos.


Principais Obras Publicadas

A Psicogênese da Língua Escrita.


Emilia Ferreiro e a Alfabetização no Brasil.



Alfabetização em processo.
  


Reflexões sobre Alfabetização.   


Com todas as Letras.

Hipóteses da escrita infantil, segundo Emilia Ferreiro.



Pré-silábica: subdividida em dois níveis, nessa fase, a criança não traça o papel com a intenção de realizar o registro sonoro do que foi proposto para a escrita:




a) Nível 1 - Ela apresenta baixa diferenciação entre a grafia de uma palavra e outra, por isso costuma escrever palavras de acordo com o tamanho do que está representando. Seus traços são semelhantes entre si e, muitas vezes, nem ela consegue identificar o que escreveu - leitura instável. Algumas vezes, usa como estratégia o pareamento de desenhos com as palavras - para poder ler com mais segurança -, o que também pode caracterizar certa insegurança ao decidir que letras usar. Essa dificuldade acontece porque ela ainda não compreendeu a função da escrita e ainda confunde a escrita com desenhos.
 b) Nível 2 - Embora já saiba que há uma quantidade mínima de caracteres e que seu emprego é necessário para a escrita, a criança ainda tenta criar diferenciações entre os grafismos produzidos, a partir do arranjo das letras que conhece (por poucas que sejam), mas sua escrita continua não analisável.

Hipótese silábica: ela começa estabelecer relações entre o contexto sonoro da linguagem e o contexto gráfico do registro. Sua estratégia é a de atribuir a cada letra ou marca escrito (uma letra, pseudoletra ou até um número) o registro de uma sílaba falada, pois começa a perceber que a grafia representa partes sonoras da fala. No entanto, ainda enxerta letras no meio ou final das palavras por acreditar que, assim, está escrevendo corretamente. Nessa fase, seu maior conflito são as palavras monossílabas - para ela é necessário um número mínimo de letras para cada palavra.





Hipótese silábico-alfabética: como a criança utiliza ambas as hipóteses de escrita (pré-silábica e silábica) ao mesmo tempo, ela vivencia um momento de transição. Nessa fase, os avanços só podem ocorrer mediante informações que possibilitem o refinamento da aprendizagem relativa ao valor sonoro convencional das letras, além de oportunidades de comparação dos diversos modos de interpretação da mesma escrita. 





Hipótese alfabética: ela já venceu todos os obstáculos conceituais para a compreensão da escrita - cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba - e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever. Também já perdeu o medo de escrever (que ocorre com a maioria das crianças quando iniciam a escolaridade), contudo ainda não domina as regras normativas da ortografia. Apesar dessa subdivisão, o tempo necessário para a criança avançar de um nível para outro varia muito. Mas sua evolução pode ser facilitada pela atuação significativa do professor, que deve estar sempre atento às necessidades observadas em seu desempenho, para lhe propor atividades adequadas que a conduzirão ao nível seguinte. Logo, o processo de alfabetização não é imediato, ele tem diversas etapas e se dará ao longo dos anos subsequentes do Ensino Fundamental.





Como realizar um teste da psicogênese para se alcançar os seus objetivos?


-É recomendável que seja feito com cada aluno por vez, individualmente. Enquanto  a turma se encontra  envolvida com jogos recreativos o professor, em outro ambiente tranquilo vai proceder ao teste que deve constar de 4 (palavras) e uma frase. O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba e, por último, de uma monossílaba – sem dar ênfase á separação de sílabas ao ditar. Lembrando que na frase use pelo menos uma das palavras usadas no ditado (para a análise da forma como grafada mesmo se houver um contexto diferente). De acordo com as orientações de Emília Ferreiro, que as palavras sejam do mesmo campo semântico.




Sugestão para teste da Psicogênese

Com fundamento nas conclusões de Emília Ferreiro, na construção da escrita pela criança, fica claro que a criança constrói conhecimentos dentro do seu contexto de vida, em outras palavras, através de experiências vivenciadas e de alguma forma significativas. Resumindo, toda aprendizagem acontece em um contexto significativo, então o teste deve ser feito através de estímulos que tenham significados para a criança. Realizar o teste sem significação para a criança não se chega a conclusões reais.

“Os aspectos motores, cognitivos e afetivos são importantes, na medida em que tratados no contexto da realidade sociocultural dos alunos”. “Hoje a perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa visão política, integral, para explicar a aprendizagem” diz Ferreiro.


Veja algumas imagens que estão dentro dos critérios prováveis e até improváveis de estarem contidos nas experiências de vida dos alunos.









Estas imagens coladas em retângulos de cartolinas são imagens sugestivas de situações de vidas, atividades da vida diária  e vários eventos sociais, como jogadores de futebol, celebridades, artistas da mídia, políticos, imagens de animação da tevê, cantores de música popular, imagens de famílias ricas, famílias pobres; pessoas da raça branca, da raça negra;  crianças só com pais, crianças só com mães, na escola, com professores, brincando, comendo; datas comemorativas, como o natal, papai Noel, presentes, árvores de natal; contos infantis, crianças brincando; computadores, celulares, pessoas bonitas, pessoas feias; policiais, pessoas felizes, pessoas tristes,  feridas, luto… dentre tantas outras.    


COMO USAR ESTA ATIVIDADE

Esta é uma das atividades usadas também para avaliação pedagógica da interpretação, linguagem escrita, (texto espontâneo) com fins de psicodiagnóstico com alunos de 3ª ao 5º ano. Para cada gravura tenho uma antecipadamente preparada às quatro palavras do mesmo campo semântico e uma frase.
 Veja no final desta postagem – sugestões de várias palavras do mesmo campo semântico, para serem usadas nesta atividade.
 Em avaliações da psicogênese, o teste é aplicado individualmente.

Vejam os passos:

1-São oferecidas de 3 (três) à 5 (cinco) gravuras de cada vez para que o aluno, convidado a observar bem, selecionar a que mais gostou. Este procedimento se repete até que ele veja todas e de cada grupo selecione uma. E depois ele faz a escolha final de uma só, a que mais gostou. Interagindo com o aluno incentivá-lo a observar bem e fazer sua escolha concordando que ele escolheu bem, e que parece difícil, a escolha, mas ele tem que escolher somente a que mais gostou. 





2- Após escolhida a imagem peça que ele fale sobre ela. Tudo que aquela figura lhe fez lembrar, sentir, gostar. Fale com ele sobre detalhes e sobre o que foi mais importante no todo. Provoque bastante, para que seja possível tirar do próprio relato do aluno, as 4 (quatro) palavras do teste ( que foram previstas para aquela imagem) . Caso não tenha falado sobre alguma ( a polissílaba, por exemplo, na hora do ditado, acrescente a que faltou e correlacione com o texto). Se usar esta técnica (SEAA) para avaliação da linguagem oral e escrita do aluno (3ª ao 5º ano) peça que faça um texto (escreva o que você contou…). Tanto o ditado como o texto deve ser feitos numa folha pautada.  Quanto ao ditado, (tenha previamente as  palavras do mesmo campo semântico). Faça um ditado normalmente, não há necessidade de repetir a palavra e nem mesmo de destacar sílabas, e anote, para não esquecer o termo correto que foi ditado, para análise futura. Na próxima sondagem (que deve ser feita a cada final de bimestre, pode deixar a gravura, em meio às outras, se escolher a mesma, melhor ainda pois verá os avanços na escrita, mas permita que ele escolha, pois é um outro momento de sua vida).



O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba e, por último, de uma monossílaba: as 4(quatro) palavras do campo semântico ditada, tiradas do relato do aluno foram:

polissílaba: eletricidade
trissílaba:
energia
dissílaba:
usina
monossílaba: luz

(no caso da palavra dissílaba, durante a exploração da gravura fiz uma intervenção sobre a origem da energia e acrescentei a palavra USINA; a  monossílaba, fiz uma intervenção em relação á tomada  “dá prá acender uma luz (lâmpada) ligando um abajur na tomada? ele concordou e acrescentei a palavra monossílaba).



 Saiba mais!



As ideias da educadora argentina
Uma das principais consequências da absorção da psicogênese da língua escrita na alfabetização é a recusa ao uso das cartilhas que, segundo Emilia Ferreiro, oferecem um universo artificial e desinteressante às crianças. Portanto, a compreensão da função social da escrita deve ser estimulada com o uso de textos da atualidade, livros, histórias, jornais, revistas etc.













Prontidão para a escrita
Como ela se dá por meio da percepção (capacidade de discriminar sons e sinais, por exemplo) e da motricidade (coordenação, orientação espacial etc.) infantil, o ato de saber desenhar as letras deve se desenvolver em conjunto com a compreensão da natureza da escrita e sua organização.













Dicas para a realização do processo da escrita.
Entregue uma folha de sulfite ou pautada para cada aluno e, então, peça para cada qual colocar o seu nome (é conveniente identificar as folhas antes ou após a sondagem para saber corretamente a quem ela pertence).
Em seguida, dite algumas palavras para que possam escrever.
Depois, solicite individualmente que façam a leitura da palavra, apontando com o dedo o que foi escrito.
No término da primeira sondagem, registre em uma ficha (tem um exemplo que pode ser xerografado no pôster) a forma como o aluno leu (global ou silabicamente), a fase de escrita em que ele se encontra e outras informações importantes.
Guarde a ficha até a próxima sondagem, repita novamente o procedimento e, na sequência, registro os avanços dos alunos.






























Sugestões de atividades para o nível pré-silábico.
Liste o nome de todas as crianças no quadro ou em cartazes.
Faça com que cada aluno identifique seu nome e, depois, o de cada colega, para que eles percebam que nomes maiores podem pertencer às crianças menores e vice-versa.
Classifique os nomes pelo som inicial, em ordem alfabética ou em galerias ilustradas com retratos ou desenhos.
Crie e aplique jogos com nomes (dominó, memória, boliche, bingo etc.).
Peça para a criançada fazer a contagem das letras e o confronto dos nomes.
Confeccione junto a eles gráficos de colunas com os nomes seriados em ordem de tamanho (número de letras).
Repita essas mesmas atividades, utilizando palavras do universo dos alunos, tais como rótulos de produtos ou recortes de revistas (propagandas, títulos, palavras conhecidas etc.).
Após desenvolver esse trabalho em sala de aula, aplique essas sugestões durante a sondagem.

































Sugestões de atividades para nível silábico em diante.
Organizar listas de palavras com o mesmo tema (animais, flores, alunos ausentes etc.), que deve ser iniciada com as palavras polissílabas, depois trissílabas, dissílabas, monossílabas e, por último, uma frase com referência ao campo semântico utilizado (por exemplo: dinossauro, girafa, vaca, boi / a vaca está pastando). Em seguida, dite essas mesmas palavras para que as crianças as escrevam.
Introduza jogos e brincadeiras com palavras (forca, cruzadinhas, caça-palavras etc.).
Em conjunto com as crianças, elabore um dicionário ilustrado (com desenhos, adesivos ou recortes de revistas) com as palavras aprendidas.
Sugira que elas façam um diário da turma, relatórios de atividades ou projetos com ilustrações e legendas.
Proponha atividades em dupla (um dita e outro escreve), a reescrita de histórias, pesquisas de canções, parlendas e trava-línguas.
Após desenvolver esse trabalho em sala de aula, aplique essas sugestões durante a sondagem.




























 


O texto abaixo está fundamentado no livro: 
A Psicogênese da Língua Escrita, 
de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky.



ANÁLISE DA PSICOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA- EMÍLIA FERREIRO E ANA TABEROSKY
Emília Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro, e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança – ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emília Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados á leitura e á escrita.
De acordo com as teorias de Emília Ferreiro, a leitura e escrita estabelece uma relação entre a evolução da escrita e a proposta, onde o carácter de suas investigações é psicológico e não pedagógico. O seu enfoque é a explicação de como se aprende a ler e escrever, e não é a criação de um método de alfabetização, tarefa especifica do educador. No seu ponto de vista a criança, quando chega a escola, já possui um notável conhecimento de sua língua materna. Vive no mundo de escrita e pensa sobre o processo da escrita. O Processo de aquisição da linguagem escrita precede e excede os limites escolares. Portanto a evolução das concepções dos alunos sobre a escrita trata - se da construção e não da qualidade do grafismo, nesta fase as ideias são representadas por desenhos. Os estudos psicogenéticos da aquisição da leitura e escrita realizada por Emília Ferreiro desafiam ainda repensar os princípios pedagógicos e a rever as concepções de conhecimentos ensinos e aprendizagem. Tendo assim uma proposta de inovação na alfabetização. Esses estudos podem ajudar a compreender melhor os níveis do conhecimento da escrita e leitura do sujeito não escolarizado, ou não alfabetizados e ampliar os recursos metodológicos que os ajudem a avançar no processo de construção do sistema escrito, superando os conflitos cognitivos próprios das hipóteses criadas em cada um desses níveis. O conhecimento que o sujeito tem da leitura e da escrita não equivale ao conhecimento convencional, pois possuem hipóteses originais não ensinadas pelos adultos ou professores. O sujeito procura ativamente compreender a natureza da escrita á sua volta e também aprende através de suas ações afetivas e mentais sobre o sujeito escrita, ou seja, o aluno evolui construindo e reformando suas hipóteses.
 A autora afirma que a aprendizagem não é um processo meramente perceptivo, mas construtivo, e aprender não é apenas adquirir hábitos, é transformar o que vai conhecer. E que o aluno tem a sua maneira própria de aprender, como também constrói o seu próprio conhecimento. E é na escola que frequenta normalmente que as crianças passam pelos estágios propostos por Emília Ferreiro, é nesse período que a criança começa estabelecer vinculações entre a pronuncia e a escrita, o que representa um passo extremamente significativo no processo de alfabetização. Porém, essa vinculação é de imediato adequado. Ela passa por etapas que constituem os níveis silábicos e alfabéticos, até alcançar o ortográfico, isto é, quando a criança compreende que as diferenças das representações escritas se relacionam com as diferenças na parte sonora das palavras que permanecem, a questão de descobrir que espécies de recorte da palavra pronunciada são o que correspondem aos elementos da palavra escrita. A escrita na representação baseia-se em uma construção mental que cria suas próprias regras, escrever não é transformar o que se ouve em gráficos, assim como ler não equivale a produzir com a boca o que o olho reconhece visualmente, segundo Emília Ferreiro; o sistema de escrita tem uma estrutura lógica, no caso do sistema alfabético a criança deve compreender entre outras coisas. A escrita (grafema) e o som pronunciado (fonema) que não a nenhuma relação entre a forma da palavra escrita e as características físicas do elemento da realidade nomeada por ela, que palavras com o mesmo significado não são escritas da mesma forma, que elementos essenciais da oralidade, como a entonação, não são registrados na escrita. Esse conjunto de relação não é simplesmente aprendido pela criança, mas construindo é reinventando por ela.
Nas relações que mantém com a escrita no ambiente que vive, a criança elabora e testa hipótese a cerca da lógica do seu funcionamento. Ela assimila a escrita interpretando-a de acordo com os conhecimentos e modos de pensar que já desenvolveu e organizou no decorrer de sua experiência de vida, produzindo, escritas e leituras não compatíveis com a escrita convencional.
A criança não faz uma diferenciação entre o sistema de representação do desenho (pictográfico) e o sistema de representação escrita (alfabética) supondo que embora as formas insignificantes sejam diferentes, o significado de ambos é o mesmo, a primeira indicação explicita da distinção entre imagem e texto, consiste em eliminar os artigos, quando se faz referência á imagem (desenho).
Exemplificando: o elefante deve escrever com mais letras do que um mosquito, é uma concepção realística da palavra, ou seja, a de que coisas grandes tem nomes grandes e coisas pequenas tem nomes pequenos, também o seu pensamento pode evoluir quando suas escritas não são decodificadas como o esperado por pessoas que sabem ler. No qual o sistema da escrita é uma construção social e histórica. Por isso o sistema de codificação esta ultrapassada já que existem sons, por exemplo, que jamais serão escritas; assim como há letras que jamais serão pronunciadas.
Para as autoras, todas as crianças independentes de sua nacionalidade, passam em seu processo de construção da escrita pelas mesmas etapas que o homem passou quando “descobriu” a escrita. De uma forma geral, refazem a mesma trajetória que a humanidade percorreu no surgimento da escrita, ou seja, passam pela fase correspondente á escrita pictográfica (forma mais antiga, usada pelo homem para representar só os objetos que podiam ser desenhado ), á escrita Ideográfica ( consistia no uso de um sinal ou marca para representar uma palavra ou conceito ) e escrita Logográfica ( constituída de desenhos, referente ao nome e dos objetos- som- e não ao objeto em si).
Segundo FERREIRO (2001a), a psicogênese realiza um processo de recontar a escrita, pois propõe que seja desconsiderada a concepção prévia que o adulto tem sobre a escrita, uma vez que as hipóteses parecem ser óbvias e naturais para o um adulto alfabetizado por método apresentado das partes para o todo, assim não são para as crianças. Portanto, essa é a única forma para o adulto e mais especialmente, o professor possa compreender como ocorre o processo de construção da escrita pela criança e, consequentemente, mude de as posturas tradicionais de ensino, gerando práticas de alfabetização democrática. É de suma importância a mudança nessa concepção sobre a escrita para que se entenda que a alfabetização acontece em um trabalho conceitual.
A escrita foi transformada pela escola de objeto social em objeto escolar, pois se considera proprietária desse objeto de grande importância social. Com isso, a escrita foi reduzida a um instrumento para evoluir na escola, para passar de ano. Essa posição precisa ser repensada, pois a escrita só é importante na escola por ser fora dela. Sendo que no passado os educadores achavam que só aprendia a ler memorizando letras, sons e palavras tornando a aprendizagem da escrita como algo perceptivelmente mecânico. A escrita era percebida como transcrição gráfica da linguagem oral (codificação), e enquanto que a leitura, como associação de respostas sonoras a estímulos gráficos, transformação da escrita em som (decodificação).
O grande problema da teoria empirista foi esse, pois consideravam que os alunos chegam á escola todos iguais e ignorantes, no que se refere á escrita, e que bastaria ensinar as letras que correspondem aos seguimentos sonoros para que eles compreendessem o modo de funcionamento do sistema alfabético, ou seja, a escola não permitia ao aluno conviver com a linguagem escrita, não era realizada leitura de textos diversos gêneros e nem criava situações para que o aluno pudesse refletir sobre como funcionava a escrita alfabética. Não havia uma reflexão sobre as palavras. Com isso o aluno poderia compreender que as letras registram os sons falados, razão pela qual, para aprender, bastaria repetir em doses homeopáticas as tarefas não reflexivas impostas pelo “método”. Sendo assim, chegamos a conclusão que nosso sistema alfabético não tem relação perfeita entre a letra e o som.
Ferreiro e Teberosky (1999) destacaram-se dentre todas as hipóteses de construção externadas pelas crianças, quatro hipóteses fundamentais para compreensão de como as crianças adquirem a linguagem de níveis de concepção da  escrita. São elas:
Níveis pré-silábico (Não há correspondência som-grafia). A distinção básica entre desenhar (modo de representação ligado ás características físicas e as formas dos objetos) e escrever vai sendo construída pela criança, tanto nas situações da escrita quando nas situações de leitura. Ela traça linhas onduladas ou em ziguezague. Essas marcas não têm relação com o registro sonoro da palavra e não se diferencia entre si somente a própria criança consegue interpretá-las e o faz de modo instável.
Nível silábico- É a descoberta da relação som-grafia. Não é mais apenas a letra inicial que tem valor sonoro, mas a palavra toda. A escrita representa aos sons da fala. É está ligada a linguagem enquanto pauta sonora, com propriedades específicas, diferentes do objetivo referido. A quantidade de letras necessárias dentro de uma palavra é levada em consideração. A hipótese básica do nível silábico é a correspondência de cada sílaba oral com um sinal gráfico.
Nível silábico-alfabético - A partir do momento em que as crianças a prestar atenção às propriedades sonoras das palavras um novo tipo de hipótese começa a ser construído. Elas passam a estabelecer correspondência entre partes da palavra falada e partes da palavra escrita. De acordo com ela, cada marca ou letra corresponde ao registro de uma silaba oral. A criança escreve fazendo corresponder  a quantidade de sinais gráficos e de silabas da palavra falada.
Nível alfabético - Este nível marca a final da evolução. A criança já franqueou a barreira do código: compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores do que a silaba e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas nas palavras que vai escrever. Isto não quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas, a partir deste momento, a criança se defrontará com as dificuldades próprias da ortografia, mas terá, mas não terá mais problemas de escrita, no sentido restrito.
 A psicogênese da língua escrita possibilita não só um novo pensar sobre o ato de alfabetizar, como também sobre o processo de construção do conhecimento do individuo, enquanto ser pensante e critico dotadas de capacidades inatas e adquiridas. Portanto, para aprender a escrever o aluno deverá ter muitas oportunidades em fazê-lo, mesmo não sabendo grafar corretamente as palavras, E quanto mais fácil será para assimilar o funcionamento da escrita.
É necessário dar á criança oportunidade de escrever, principalmente quando ela ainda não sabe, pois permitirá que conforme hipóteses sobre a escrita, que pense como ela se organiza e para que serve.




Bibliografia
ferreiro



 


 https://www.youtube.com/watch?v=ImQa0t_qVm4